terça-feira, 13 de maio de 2014

O despontar de um toureiro: Joaquim Bastinhas - 31 anos de alternativa!




Todos os jovens que querem ser toureiros têm sempre um longo caminho por diante a percorrer. Um caminho nada fácil, até porque o toureio não concede facilidades, exigindo muito empenho, dedicação e trabalho. Aliás ao contrário do tradicional abecedário, em toureio surge primeiro o “T” de trabalho e só depois o “S” de sucesso. Sempre assim foi e sempre assim será. Apesar dos tempos serem diferentes, as condições outras e a sociedade em geral, ou no seu todo, ter evoluído, em toureio existem quatro premissas que se mantêm: ambição entrega, trabalho e valor. Assim foi com todas as figuras do toureio do passado e do presente. Com os Maestros. Joaquim Bastinhas não foi excepção há regra e demonstra-o em algumas imagens com mais de quarenta anos; imagens de um início que o transportam até aos dias de hoje, passados que vão 31 anos de alternativa, tirada a 15 de Maio de 1983 em Évora o toureio é algo que nos fascina. O público, os aplausos, o risco, a valentia, a notoriedade seduzem todos os miúdos que querem ser toureiros. Eu não fui diferente dos outros e desde miúdo foi um ambiente que me fascinou. Acompanhava o meu pai às corridas e com ele pude privar de perto com alguns toureiros. Via-o montar a cavalo e por minha casa, passaram sempre também, cavaleiros e rejoneadores em busca de uma novidade ou reforço para as suas quadras. De início não tinha bem a noção das dificuldades e do esforço que o toureio exige. Apenas o sentimento “do bonito que era ser toureiro”. Com o decorrer do tempo, da aprendizagem e do trabalho árduo… sublinho árduo, fui conseguindo tourear em praças das aldeias e pueblos aqui da raia. Felizmente e uma vez mais saliento, tive um apoio imenso do meu pai, que sempre acreditou na minha ambição e no meu valor. Foram anos duros, em que cada vez que surgia a oportunidade de tourear, “saía a dar tudo por tudo”, como ainda hoje o faço porque assim aprendi e guardo, desde essa época: “em toureio não há facilidades. O toiro não quer saber quem somos. Está ali para acometer e nós para tourear!”. Depois foi caminhar, uma longa caminhada Primeiro até há prova de praticante, depois a alternativa, confirmação da mesma e uma luta, uma ambição e muita força de vontade permanentes por conquistar o meu espaço, o meu lugar como figura do toureio, assim como mantê-lo. Tudo sempre com muita paixão, ilusão e espirito de sacrifício. Mentalizado que esta é uma arte que tudo dá, mas que tudo pode tirar se não a levar-mos com muito respeito, mas acima de tudo seriedade.” Guardo boas memórias e algumas histórias dos meus tempos de amador e praticante. Muitas vezes tinha que conduzir o “camião dos cavalos” --- uma velha Saviem, onde cabiam dois cavalos e para as mudanças entrarem, tinha que utilizar as duas mãos, para empurrar a alavanca das mudanças…mudanças!? Que muitas vezes não passavam apenas da primeira e terceira. Isto para não falar dos garrafões de água, que levava na cabine para ajudar…o radiador, a não ficar vazio e evitar a consequente “tragédia”, que isso poderia causar no motor. Recordo-me que numa dessas viagens, tive de encostar á berma para atestar o coitado do radiador, tendo então passado uns aficionados, que reconhecendo a camioneta abrandarão, perguntando: “donde está el torero?” Ao que respondi – “ Vem a caminho. Saiu mais tarde!”. Era este o espirito da época. Apesar dos muitos sacrifícios, também muita (e ou maior) ilusão!   

Imagens desses momentos vividos...