sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Curioso: Vale a pena ler.

"ALGUMAS NOTAS DE CIRCUNSTÂNCIA..." por António Lúcio em "barreira de sombra" e "Os prémios “brindados”. Uns por simpatia…outros porque o público é soberano". por Fernando Marques em "Planeta dos touros" 


"Se alguém pensar que a generalidade dos prémios atribuídos nas corridas de toiros difere muito do que se passa no defeso ou até na montagem de muitas corridas por esse País fora, desenganem-se. Pelo menos é o que penso e que aqui passo para o papel. Já fui membro de júri em muitas corridas, na atribuição de troféus de final de temporada e, NUNCA, ninguém me entregou uma grelha de avaliação da prestação dos artistas. Melhor, até houve, há uns anos atrás, um aficionado da minha terra que se deu ao trabalho de o fazer e de uma forma simples que permitiria dissipar dúvidas de todo o tipo. Há júris e júris e prémios e prémios. Os que têm maior visibilidade exigem maiores cuidados na atribuição e a escolha de júris deveria ter a concordância dos toureiros...."


"Enquanto aficionado e arreigado ao mínimo dos mínimos que se deve exigir nestas coisas do toureio, duas situações deram para me pôr a reflectir, neste final de semana taurino. Não que as minhas reflexões venham mudar alguma coisa, pois valem o que valem e é a minha opinião, respeitando sempre as demais.  Manuel Vidrié foi um dos rejoneadores que vi tourear e que mais admirei, porque o seu toureio era o mais aproximado ao toureio a cavalo praticado em Portugal. Primava por dar vantagem aos touros, ia de frente e colocava os ferros ao estribo, rematando as sortes com garbo e toureria. Já escutei mais de uma vez da sua boca, em comentários no Canal + Toros, dizer que em Portugal não se lida, apenas se crava. Afirmação que me parece disparatada, embora ande por aí muito "espeta ferros" sem um conceito do toureio definido, mas daí até dizer que não se lida… Na primeira das Corridas Generales de Bilbao, a de rejoneo em que D. Manuel Vidrié foi comentador, não o vi manifestar-se quando é atribuída uma orelha (sei que pedida pelo público) em que Andy Cartagena a "cortou" com o número do caballito (atravessando o ruedo com o cavalo andando num Cabrer), fazendo delirar o público e depois de ter pinchado uma vez. Bilbao é praça de primeira. O seu presidente (Matias) é um grande aficionado e só cumpriu com aquilo que o regulamento manda: A primeira orelha é concedida pelo público se houver maioria. Não deixou contudo o presidente da praça de Bilbao, de alguma forma, mostrar o seu desacordo com aquele encolher de ombros significativo. Da boca de D. Manuel Vidrié, nem uma palavra. Caro senhor sei que nunca vai ler este meu escrito mas, se por ventura alguém lhe contar, só lhe peço coerência Assisti através da televisão (como centenas de milhares de telespectadores) à tourada realizada em Albufeira. Antes do final da tourada, não por premonição mas que estas coisas às vezes até dão para "adivinhar", tinha cá para mim, que o prémio em disputa para a melhor lide ficaria em casa.  Sem colocar em causa a idoneidade do júri, e que nestas coisas é soberano, pareceu-me haver aqui uma pontinha de simpatia para com o triunfador, já que iria agradar ao empresário, ganadeiro das reses lidadas e, que por sinal, até é sogro do cavaleiro triunfador. Não quero com isto dizer que não fosse meritória a sua actuação mas, como eu pensei, se calhar muitos mais aficionados compartem desta minha reflexão. Nada me move contra o toureiro, antes pelo contrário. Fui amigo do seu pai, o Dr. Semedo. Algumas das  primeira garraiadas que toureou como amador, eu e  o António José Martins estivemos na sua organização. Como aquela na improvisada praça de Santana da Serra em que toureou o Tito e os novilheiros Gilberto Belchior e o saudoso Eduardo Costa. Os prémios valem o que valem. O melhor prémio para um toureiro/cavaleiro é o reconhecimento dos aficionados, não do público que é uma coisa diferente. Mas que nestas como noutras coisas, como diz o ditado  "À mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta". 


"É evidente que os prémios são sempre subjectivos, quando não há itens estipulados para pontuar como na ginástica ou na patinagem artística. Com isto não quero dizer que Tito Semedo esteve mal, bem pelo contrário, teve a melhor actuação que lhe vi esta temporada, assim como Sónia Matias que começou logo com os dois melhores compridos da noite. Os juris são soberanos, mas pede-se que tenham em atenção as manifestações do público, porque a vontade do público é mis soberana que os gostos de cada um." (sortes de gaiola 25/08/2015 João Cortesão)